sábado, 23 de fevereiro de 2013

KHRISTÓS




· Pode-se notar que o "Grande Arquiteto do Universo" está identificado a Cristo (portanto ao Logos), por sua vez relacionado ao simbolismo da "pedra angular", entendida de acordo com o que já explicamos (cap. 43); o "pináculo do Templo" (e podemos notar a curiosa semelhança da palavra "pináculo" com o hebraico pinnah, que significa "ângulo") é naturalmente o topo ou o ponto mais elevado, e, como tal, equivale à "chave de abóbada" (Keystone) Arch Masonry.
·          Cristo também, como o Jano antigo, leva o cetro real a que tem direito em nome de seu Pai do Céu e de seus ancestrais neste mundo; e sua outra mão segura a chave dos segredos eternos, a chave tingida pelo seu sangue, que abriu, para a humanidade perdida, a porta da vida. É por isso que, na quarta das grandes antífonas anteriores ao Natal, a liturgia sagrada o aclama assim: 'O Clavis David, et Sceptrum domus Israeli... Vós sóis, ó Cristo esperado, a Chave de Davi e o Cetro da casa de Israel. Vós abris, e ninguém pode fechar; e quando vós fechais ningué858888m mais saberia abrir...' "
·          Por essas poucas considerações já é fácil compreender que Jano representa verdadeiramente Aquele que é, não só o "Senhor do tríplice tempo" (designação que é de igual modo aplicada a Shiva na doutrina hindu), mas também, e antes de tudo, o "Senhor da Eternidade". Cristo, escrevia ainda a esse respeito o sr. Charbonneau-Lassay, domina o passado e o futuro; coeterno com seu Pai, é como ele o "Ancestral dos Dias": "No princípio era o verbo", diz São João. Ele é também o pai e o senhor dos séculos vindouros: Jesu pater futuri saeculi, repete diariamente a Igreja Romana, e Ele próprio se proclama o começo e o final de tudo: "Eu sou o alfa e o ômega, o princípio e o fim". "É o 'Senhor da Eternidade'.’’(de certa forma a Luz é o respaldo da memória do universo já que nela o passado, o presente e o futuro estão ocorrendo num único instante eterno e portanto são acessíveis através dela)
·          De acordo com o simbolismo empregado pela Cabala hebraica, à direita e à esquerda correspondem respectivamente dois atributos divinos: a Misericórdia (Hesed) e a Justiça (Din), que também cabem de forma clara a Cristo, em especial quando o consideramos em seu papel de Juiz dos vivos e dos mortos.
·          Quando o peixe é tomado como símbolo de Cristo, seu nome grego, Ichthus, é considerado como formado pelas iniciais das palavras Iêsous Christos Theou Uios Sóter (Jesus Cristo, de Deus Filho, Salvador).
·          Como Vishnu na Índia, e também sob a forma de peixe, o Oannes caldeu, que alguns consideraram de modo categórico como uma representação de Cristo, ensina igualmente aos homens a doutrina primordial; trata-se de um exemplo admirável da unidade que existe entre tradições muito diferentes na aparência, e que permaneceria inexplicável se não admitíssemos suas ligações com uma fonte comum.
·          A isso se liga a designação de Cristo como "germe" em diversos textos da Escritura, que retomaremos talvez numa outra ocasião...
·          É muito significativo, sob esse ponto de vista, que os hermetistas cristãos falem de Cristo como sendo a verdadeira "pedra filosofal", com a mesma frequência que se referem a ele como "pedra angular".
·          Observe-se a relação existente entre a unção da pedra por Jacó, bem como a dos reis para a sua sagração, e o caráter de Cristo ou do Messias, que é o "Ungido" por excelência (Khristós, no grego, e Mashiah, no hebraico, significam "ungido")

René Guenón
P.S:.

H. P. Blavatsky era enfática quanto à biografia de Jesus fazer alusão a um mito solar, inclusive depreendido do culto a Mithra.

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