terça-feira, 19 de março de 2013

NO INÍCIO ERA O LOGOS

O Logos (em grego
λόγος, palavra), no grego, significava inicialmente a palavra escrita ou falada—o Verbo. Mas a partir de filósofos gregos como Heraclito deÉfeso passou a ter um significado mais amplo.
Na teologia cristã o conceito filosófico do Logos viria a ser adaptado no Evangelho de João, o evangelista se refere a Jesus Cristo como o Logos, isto é, a Palavra: "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra é Deus" João 1:1 (
εν αρχη ην ο λογος και ο λογος ην προς τον θεον και θεος ην ο λογος)
(Há traduções do Evangelho em que Logos é o "Verbo"). O Logos também pode ser visto como o "Motivo" de todas as coisas, sendo a causa que explica o anseio existencial humano tão discutido pela filosofia.
(...)
Heraclito
 
Foi nos escritos de Heraclito que a palavra "logos" mereceu especial atenção na filosofia da Grécia Antiga.[1] Apesar de Heráclito parecer usar a palavra com um significado não muito diferente da maneira como era utilizada no grego comum dessa época,[2] uma existência independente de um "logos" universal era já sugerida:[3]
Este LOGOS, os homens, antes ou depois de o haverem ouvido, jamais o compreendem. Ainda que tudo aconteça conforme este LOGOS, parece não terem experiência em tais palavras e obras, como eu as exponho, distinguindo-se em tais palavras e obras, e explicando a natureza de cada coisa. Os outros homens ignoram-o que fazem em estado de vigília, assim como esquecem o que fazem durante o sono. (Diels-Kranz 22B1)
Por esta razão, o comum deve ser seguido. Mas, apesar de o LOGOS ser comum a todos, a maior parte das pessoas vive como se cada um tivesse um entendimento particular. (Diels-Kranz 22B2)
É sábio que os que ouviram, não a mim, mas ao LOGOS, reconheçam que todas as coisas são UM. (Diels-Kranz 22B50)
Logos = justa medida = razão (filosofia)
[editar]Estoicismo
O estoicismo é uma doutrina filosófica que afirma que todo o universo é corpóreo e governado por um Logos divino (noção que os estóicos tomam de Heráclito e desenvolvem). A alma está identificada com este princípio divino, como parte de um todo ao qual pertence. Este lógos (ou razão universal) ordena todas as coisas: tudo surge a partir dele e de acordo com ele, graças a ele o mundo é um kosmos (termo que em grego significa "harmonia"). Visto que o homem buscava intensamente essa harmonia e tranquilidade de vida.
[editar]Logos como Hipóstase
A doutrina do Logos como Hipóstase ou Pessoa Divina (como em Cristo) encontra sua primeira formulação no judeu Fílon de Alexandria (nasceu entre 15 e 10 a.C.), assim Filon diz:
"A sombra de Deus é o Seu Logos; servindo-Se Dele como instrumento, Deus criou o mundo. Essa Sombra é quase a imagem derivada e o modelo das outras coisas. Pois assim como Deus é o modelo dessa Sua Imagem ou Sombra, que é o Logos, o Logos é o modelo das outras coisas".
All. Leg., III, 31.
(...)
4. O ponto de partida estoico sobre o logos é a doutrina heraclítica de uma fórmula de organização totalmente universal, que os estoicos consideraram divina (ver namos). O logos é a força activa (poioun) no universo (D. L. VII, 134), criadora à maneira ..................... (SVF I, 87; D. L. VII, 135;). Tal como em Heráclito é material e identificado com o fogo (ver pyr), Cícero, Acad. post. I, 11, 39; SVF II, 1027. É também idêntico à natureza (physis) e a Zeus (ver Cleantes, Hino a Zeus; SVF I, 537). Esta presença que enforma o universo desenvolve-se em várias direções: visto que é uma unidade serve de fundamento à teoria da simpatia cósmica (ver sympatheia) e da lei natural bem como ao imperativo ético «viver de acordo com a natureza» (ver nomos). A teoria linguística estóica distinguiu ainda o logos interior (= pensamento) e o logos exterior (= discurso) (SVF II, 135; Sexto Empírico, Adv. Math. VII, 275; ver onoma), distinção que nitidamente influenciou a visão do logos notoriamente difícil de Fílon.
 
(...)
5. Fílon conheceu a distinção entre o logos interior e o exterior, conseguiu aplicá-la à maneira ortodoxa estóica (De vita Mos. II, 137), e foi talvez esta distinção, juntamente com a tradição escrituraria judaica acerca da «Palavra de Deus», que o levou ao novo tratamento do logos. No primeiro caso o logos é a razão Divina que abarca o complexo arquetípico dos eide que servirão de modelos da criação (De opif. 5, 20). Depois, este logos que é espírito de Deus é exteriorizado na forma do kosmos noetos, o universo apreensível só para a inteligência (ibid. 7, 29). É transcendente (Leg. all. III, 175-177) e é Deus, embora não o Deus (De somn. I, 227-229), mas antes o «Filho mais velho de Deus» (Quod Deus 6, 31). Com a criação do mundo visível (kosmos aisthetos) o logos começa a desempenhar um papel imanente como a «marca» da criação (De fuga 2, 12), o «elo do universo» estoico (De plant. 2, 8-9) e heimarmene (De mut. 23, 135). Fílon difere dos estoicos ao negar que este logos imanente é Deus (De migre. Abr. 32, 179-181); para o papel providencial do logos de Fílon, ver pronoia. Fílon dá ao seu logos um papei distinto na criação: é a causa instrumental (De cher. 35, 126-127); é também uma luz arquetípica (ibid. 28, 97), reaparecendo esta última imagem em Plotino, Eneadas III, 2, 16. Mas há uma diferença entre os dois pensadores; o que em Fílon era tanto o logos como o nous é dividido em Plotino que usa o conceito de logos de um modo afim aos  estoicos; ver Eneadas III, 2, 16 onde o nous e o logos são diferenciados. [FEPeters]
(...)
Logos no Cristianismo
 
 
No Cristianismo o Logos é Jesus Cristo. No primeiro capítulo do Evangelho do apóstolo João: "O Logos Se fez carne e habitou entre nós" (João: 1, 14). Segundo o renomado Dicionário de Filosofia(1) durante os 3 primeiros séculos do Cristianismo os filósofos e líderes das comunidades primitivas insistiram nos 2 pontos seguintes:
- A perfeita igualdade do Logos-Filho com Deus-Pai.
- A participação da natureza humana no Logos.
(1) ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 630.
O filósofo Justino o mais importante dos apologistas cristãos do século II d.C. (mártir no ano 165 d.C.) diz:
"Aprendemos que Cristo é o primogênito de Deus e que é o Logos, do qual participa todo o gênero humano."
I Apologia, 46.
"Sendo Verbo e primogênito de Deus, Ele também é Deus".
I Apologia 63,15.
"Com efeito, depois de Deus nós adoramos e amamos, o Logos nascido de Deus, eterno e inefável, porque Ele Se fez homem por nós, para curar-nos dos nossos males, tomando-os sobre Si"
II Apologia 13.
Contra os gnósticos Ireneu (nasceu no ano 130 d.C., foi Bispo de Esmirna atual Turquia) afirma a igualdade de essência e paridade entre Deus-Pai e o Logos-Filho.
Irineu em sua obra Adv. Haeres., II, 13, 8.
Atenágoras de Atenas é o autor de uma Súplica pelos cristãos, composta na segunda metade do século II d.C. Nessa carta afirma que o Logos é o Filho-Jesus e procede do Pai, não que tenha sido criado porque desde o principio Deus tem em Si o Logos:
"Como não se admiraria alguém de ouvir chamar ateus os que admitem um Deus Pai, um Deus Filho e o Espírito Santo, ensinando que o seu poder é único e que sua distinção é apenas distinção de ordens?".
Súplica pelos Cristãos 10.
"De fato, reconhecemos também um Filho de Deus. E que ninguém considere ridículo que, para mim, Deus tenha um Filho. Com efeito, nós não pensamos sobre Deus, e também Pai, e sobre seu Filho como fantasiavam vossos poetas, mostrando-nos deuses que não são em nada melhores do que os homens, mas que o Filho de Deus é o Verbo do Pai em idéia e operação, pois conforme a ele e por seu intermédio tudo foi feito, sendo o Pai e o Filho um só. Estando o Filho no Pai e o Pai no Filho por unidade e poder do Espírito, o Filho de Deus é inteligência e Verbo do Pai".
Súplica pelos Cristãos 10,2-4.
Clemente de Alexandria (150 - 215 d.C.) mestre da escola catequética de Alexandria:
"O mistério é claro: Deus está no homem e o homem se torna Deus, e o Mediador realiza a vontade do Pai. Mediador é o Logos, que é comum a ambos: Filho de Deus, Salvador dos homens, de Deus servo, de nós pedagogo.
O Protréptico.
Teófilo de Antioquia (Bispo de Antioquia) é autor de três livros A Autólico elaborados na segunda metade do século II d.C.. Teófilo retoma e aprofunda a explicação da Trindade em termos de Logos imanente a Deus.
"Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade: de Deus [=Pai], de seu Verbo [=Filho] e de sua Sabedoria [=Espírito Santo]".
Segundo Livro a Autólico 15,3.
Bispo da cidade de Óstia Hipólito de Roma (mártir no ano 235 d.C.) escreveu:
"Deus possuía o Verbo em Si mesmo, e o Verbo era imperceptível para o mundo criado; mas fazendo ouvir Sua voz, Deus tornou-Se perceptível. Gerando-O como Luz da Luz, enviou como Senhor da criação Aquele que é Sua própria inteligência. E este Verbo, que no principio era visível apenas para Deus e invisível para o mundo, tornou-Se visível para que o mundo, vendo-O manifestar-Se, pudesse ser salvo.
O Verbo é verdadeiramente a inteligência de Deus que, ao entrar no mundo, Se manifestou como o Servo de Deus. Tudo foi feito por Ele, mas Ele procede unicamente do Pai (…).
O Verbo, portanto, Se tornou visível, como diz São João (…) o Verbo por quem tinham sido criadas todas as coisas."
Post Scriptum
 
Existe na profundidade do misticismo humano uma identidade entre o espírito e a informação, que foi recuperada pela física quântica e com a era da informática. Do gnosticismo á internet. De Hermes Trismegisto ao MSN. It from bit. Heisenberg escreveu: ‘Os átomos não são coisas, são só tendências, assim que em vez de pensar em coisas, deves pensar em possibilidades. Todos são possibilidades de consciência’’. Ervin Lazlo que ‘’a informação é software’’. Vemos hoje claramente que é a informação que programa a matéria, o que de alguma maneira arde no interior do corpo (a manifestação mais conspícua daquilo que chamamos alma - ‘’o sol invisível’’ - é a informação, o código). A versão de Erik Davis do Gênesis:

 
No princípio era a INFO, e a INFO estava com Deus, e a INFO era Deus.

Davis,em seu texto Images of Spiritual Information, diz: ‘’O meio é a mensagem e a mensagem é o espírito no interior que vem de fora, sinal e ruído cruzando as fronteiras entre si no fluxo feroz da experiência do desdobramento’’.

Se o Logos ou Espírito na verdade é onipresente, então deve contar com os serviços de mensagem instantânea do entrelaçamento quântico. Nãoé a toa que o escritor Brian Clegg intitulou seu livro sobre entrelaçamento quântico de ‘’O EFEITO DE DEUS’’, como se este fosse o resultado da materialização da divindade no universo: o selo elástico da unidade.

Segundo o físico Nick Herbert, o teorema de Bell revela que os fatos que experimentamos no mundo ‘’não podem ser simulados por uma realidade local subjacente. Qualquer realidade que se ajuste aos fatos deve ser não-local (...) . O teorema de Bell mostra que sob o mundano ruído de nossa existência local existe uma realidade quântica conectada superluminicamente que é necessária para que este mundo cotidiano opere’.

Esta realidade subjacente é o que David Bohm chamou de ORDEM IMPLICADA, um MAR DE ENERGIA do qual se desprende nossa existência apenas como a onda que se forma sobre a superfície de um lago quando se atira uma pedra dentro. É também o mundo do Nagual de Don Juan Matus segundo Carlos Castaneda e que poderia ser parte da tradição oculta tolteca. É o mundo do Espírito, o Brahman. O ENTRELAÇAMENTO QUÂNTICO parece ser o cordão umbilical (de luz comunicante) entre a dimensão de unidade divina absoluta e o mundo material da multiplicidade, que é uma falsa caída ou divisão, já que, pelo mesmo entrelaçamento quântico, o Espírito segue irradiando, transmitindo-se a si mesmo através de nós. IN-formando-nos.

 
Con información de MIT Technology Review

P.S:.
 
Post Scriptum
 
... Él ha mandado su Ipseidad con Él mismo, de Él mismo y hacia Él mismo, sin ningún intermediario o causalidad exterior a Él mismo. Ninguna diferencia de tiempo, espacio o naturaleza hay entre El que envía el mensaje, el mensaje y el destinatario del mensaje"
.Ibn’Arabi, El Tratado de la Unidad.
 
Post Scriptum

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário