segunda-feira, 6 de maio de 2013

O conhecimento silencioso

 


''Uso as palavras para compor o meu silêncio''
MANOEL DE BARROS

(...)


Recordemos que Kierkegaard disse que ‘’o Tempo é o Pecado’’. Deter o TEMPO –a imagem móvel da Eternidade, segundo Platão – é parar o DIÁLOGO INTERNO, ‘’PARAR O MUNDO’’..


(...)

A ''água primitiva'' é acumulável.

Os oxímorônicos ''MINUTOS LIBERADOS DO TEMPO'' de Proust, Ionesco, Huxley, Cortázar, Artaud, Charlie Parker, SÃO ACUMULÁVEIS...

O SILÊNCIO INTERIOR É ACUMULÁVEL, E É NECESSÁRIO ACUMULAR SILÊNCIO INTERIOR ATÉ CHEGAR AO QUE O NAGUAL JUAN MATTUS CHAMAVA DE NOSSOS RESPECTIVOS ''LIMIARES PESSOAIS'' OU ''PONTO CRÍTICO''.

Todo silêncio interior, toda detenção do pensamento, toda suspenção do diálogo interno se acumula dentro de nós, na sagrada medida em que nos esforçamos e logramos avançar na nossa prática.

E sabemos por já haver podido apreciar que quanto mais e com maior consciência saimos do TEMPO, paramos de pensar, mais fácil vai ficando o mecanismo do silêncio dentro da gente e mais benefícios (físicos, emocionais, intelectuais e espirituais) colhemos.


(...)

O texto de Pawels y Bergier continua assim: ''...os ritmos inconcebíveis dessas estruturas profundas...''(:)

''Sem dúvida isso se produz na intuição científica, na iluminação científica, na iluminação poética, no êxtase religioso e em outros casos que ignoramos. O recurso à consciência desperta, silenciada, ou seja, a um estado diferente da vigília lúcida, constitui o MOTOR de todas as filosofias antigas.


(...)


O Conhecimento Silencioso

por LUIS-AUGUSTO-WEBER-SALVI


http://pt.scribd.com/doc/17286887/LUIS-AUGUSTO-WEBER-SALVI-O-Espelho-de-Obsidiana-a-tradicao-Tolteca-III


O "conhecimento silencioso" é uma das premissas dos sábios toltecas. Trata-se de um estado perceptivo que emprega recursos outros que os dos sentidos habituais do homem. Nele a consciência se restringe à sua essência, e nisto toca uma fonte misteriosa, ainda que o homem habitualmente associe aos recursos sensoriais, na verdade os transcende, identificando-se antes com fontes cósmicas.Diz Don Juan: "O que funciona durante o silencio interno é outra faculdade que possue o homem (...)". (Castañeda,
El Lado Activo del Infinito , pg. 135)

O silencio é o ambiente em que floresce a verdade, o campo potencial de todas as criações. É nele que o homem comunga mais profundamente com o Mistério.O diálogo interior é a forma pela qual o ser humano mantém intocado o seu mundo cotidiano. Com a detenção do diálogo interior, novas possibilidades se abrem.Com a mente pensante o homem conhece no tempo, mediante recursos mentais como a lógica. Com a mente silenciosa o homem
SABE
porque comunga com a verdade.Os xamãs toltecas afirmam que temos na verdade
duas mentes
, sendo que uma delas não é nossa, tratando-se antes de uma espécie de instalação externa. O silencio interior tem a capacidade de expulsar esta força estranha de nossas mentes que nos prende a um sistema de linguagem e a uma definida descrição de mundo (cf. Castañeda,
op.cit.
, pgs. 135 e 217). E uma das formas mais eficazes de obter o silêncio interior é através da Palavra sagrada, até que o nirvana ou a iluminação se estabeleça aquietando as "miríades de vozes" dentro de nós.

Os toltecas conheciam esta forma de conhecimento "automático", espontâneo e imediato que dispensava linhas de raciocínio, informações prévias e lógica formal. É
considerado pelos videntes como "um passo gigantesco na evolução" (Castañeda,
Passes Mágicos
, pg. 137).Esta forma de percepção dos fatos também tem sido muitas vezes chamada de
INTUIÇÃO
e, no ensinamento da Agni Ioga, de
CONHECIMENTO DIRETO.
Este conhecimento é até certo ponto uma capacidade natural do ser humano, e torna-se acessível num estado de consciência profundo denominado como
silêncio interior

. Tal estado de consciência pode ser obtido através de uma disciplina rígida, pois requer a estabilização das ondas mentais e dos fluxos emotivos inconscientes. Depende do afluxo da consciência do Eu ao chamado
tempo mítico
e ao contato com os arquétipos.É, definitivamente, um produto da vontade educada:"O
conhecimento silencioso
não é senão o contato direto com o
intento"
(citado em
La Rueda del Tiempo,
Castañeda,
pg. 293)

(...)

http://pt.scribd.com/doc/17286887/LUIS-AUGUSTO-WEBER-SALVI-O-Espelho-de-Obsidiana-a-tradicao-Tolteca-III

O ininterrupto diálogo interno, através do qual alimentamos constantemente as energias que regem o nosso mundo, é a única coisa que mantém estável a forma e a essência do objeto de nossa percepção. Emprestando nossa volição ao fluxo mental automático que ali-mentamos, apoiado pelo meio, mantemos o mundo como ele é, ignorando todas as outras possibilidades que existem. Como homens, somos quais seres presenteados com todo um palácio para viver, mas nos limitamos a permanecer numa única sala ou quarto. Segundo os videntes, perceber é acima de tudo o ato de
interpretar dados sensoriais
, um processo que inicia no berço e que geralmente se estende até a morte, a menos que alguma coisa interrompa este fluxo.
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Como é possível este conhecimento-direto? Ele deriva da existencia de uma grande Mente Universal à qual o homem pode se integrar através do silencio interior. Quando cessam os movimentos individuais, o que resta é o grande pano-de-fundo da Mente Universal, que os de linhagem tolteca também chamavam de a
Águia
, ou o mundo dos arquétipos. Em uma de suas obras, a escritora intuitiva Clarice Lispector diz: "sei, porque existe". Todos nós temos em algum momento a experiência da "mente clara", e o alinhamento com a Mente Universal é apenas o paroxismo deste processo. Naturalmente, manter este estado de consciência é algo que depende de várias medidas. Além de um fortalecimento da mente e do pensamento, sempre será importante a auto-disciplina, o ritmo de vida e viver num ambiente minimamente estável e tranquilo. São preços a pagar pela nossa melhoria como "espécie" e para a aquisição de nossos verdadeiros potenciais, enfim, para que possamos existir de fato e para que nossas vidas sejam mais do que "parte do processo comum".

(...)

(vejamos o que escreveu a este respeito Ch. Eastman (6): A adoração do Grande Mistério é silenciosa, solitária, sem complicação interior; ela é silenciosa porque todo discurso é necessariamente falho e imperfeito, também as almas de nossos ancestrais alcançam Deus em uma adoração sem palavras; ela é solitária porque eles pensam que Deus está mais perto de nós na solidão, e não são precisos padres para servirem' de intermediários entre o homem e o Criador.”(7) não pode, de fato, haver intermediários em semelhante caso, pois que esta adoração tende a estabelecer uma comunicação direta com o Princípio supremo, que é designado aqui como o” "Grande Mistério". Não somente no e pelo silencio e que esta comunicação pode ser obtida, porque o "Grande Mistério" está além de toda forma e de toda expressão, mas o próprio silêncio "é o Grande Mistério"; como entender de modo exato esta afirmação? De inicio, pode-se lembrar a propósito que o verdadeiro "mistério" é essencialmente e exclusivamente inexprimível, que só pode evidentemente ser representado pelo silencio (8); indo além, o Grande Mistério " sendo o nao-manifestado, o silencio em si, que é propriamente um estado de não-manifestação participa ou está em conformidade com a natureza do Princípio supremo

(...)

Para que isso ocorra, é preciso que o silêncio seja em realidade algo mais que a simples ausência de toda palavra ou de todo discurso)

(...)

Carlos Castaneda:

Uma vez formulei a mesma questão para Don Juan. Nós estávamos sentados em um café em Yuma e eu insinuei que eu poderia me tornar apto a PARAR O MUNDO e ''VER'' se pudesse viver no deserto de Sonora junto com ele. Ele olhou para a janela, viu os carros passando e disse: .Ali, lá fora, é o seu mundo..

Eu vivo em Los Angeles agora e sinto que posso usar o mundo para favorecer minhas necessidades. É um desafio viver sem rotinas em um mundo rotineiro. Mas é possível.

(...)

Sam Keen:

O nível do barulho e a pressão constante de massas de pessoas parecem destruir o silêncio e a solidão que poderiam ser essenciais para PARAR O MUNDO..

Carlos Castaneda:

Não de todo. Na verdade, o barulho pode ser usado. Você pode usar o barulho da buzina para treinar a si mesmo ouvir o mundo exterior. Quando paramos o mundo, o mundo que paramos geralmente é o que é mantido pelo diálogo interno. Uma vez que você para o blá-blá-blá interno você para de manter este mundo. A descrição entra em colapso. É quando começa a mudança....
Don Juan chamava isso de ''CAMBIAR (mudar) DE VELOCIDAD''


(...)


“O tópico inicial foi o que definiu como "não fazer", uma atividade especialmente projetada para banir de nossas vidas todo o vestígio de cotidianidade. Afirmou que o não fazer é o exercício favorito dos aprendizes, porque os introduzem em um ambiente de maravilha e desconcerto muito refrescante para a energia, cujo efeito sobre a consciência eles chamam de "parar o mundo"
Respondendo a algumas questões, explicou que o não fazer não pode ser racionalizado. Qualquer esforço para tentar entendê-lo, é na realidade uma interpretação do ensino e cai automaticamente no campo de fazer.
"A premissa dos nagualistas para tratar com este tipo de prática é o silêncio mental.


http://portalpineal.blogspot


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