segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Huxley fala sobre a inspiração

 
'Segundo Sócrates, o que inspirava uma pessoa era seu Daimon ou estado de consciência ampliado; para os poetas da Antiguidade, esta ou aquela musa que, nas palavras de Hesíodo, ''ampliam a mente do homem com conhecimento, e fazem sua língua falar desde os céus''. Para os primeiros filósofos e os teóricos da medicina dos tempos greco-romanos, a inspiração e a expansão da consciência eram o Pneuma, a alma e a substância indiferenciada do universo. Para Platão e Aristóteles era o Nous, ou a Razão Interior. Segundo os estoicos o deus imanente era chamado Logos. O Logos ingressa na cristandade como ''O VERBO'', uma tradução muito pobre e parcial do original, que possui muitos significados. ''No principio era o Verbo...''. Do grego passamos ao latim e á palavra Spiritus, que, como Pneuma, significa 'alento'' e é, como sua etimologia sugere, a ‘’Fonte’’ da ''Inspiração''. Havia um Spiritus dos deuses, de onde vinha a ''Inspiratio Divina''. Havia um espírito impessoal ou alento de vida (Atman no sânscrito: "Isso É Você’’( nos Upanishades)). E finalmente, após a Cristandade, estava o ESPÍRITO, a terceira pessoa da Trindade. Mescladas sem coerência nenhuma, essas concepções variadas (médicas, místicas, filosóficas, teológicas, espirituais) foram utilizadas, ao longo dos séculos, para dar conta de explicar fatos e feitos diretamente originados pela inspiração. Hoje preferimos falar de "'O Inconsciente'' e ''erupções no consciente de matéria sublimar''. As palavras têm uma aura poderosamente científica; mas que expliquem as coisas mais satisfatoriamente que Espírito, Logos, Pneuma e Daimon, é discutível.



Aldous Huxley

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